Como os brasileiros irão consumir notícias


O mundo vem mudando a olhos vistos, e o modo de consumir notícias já acompanha essa tendência. Você já parou pra pensar em como construímos o hábito de acompanhar o que está acontecendo à nossa volta e em todo o mundo em forma de notícia? Tudo começou com os jornais impressos, numa época em que a modernidade como conhecemos ainda caminhava a passos bem mais lentos. A velocidade das notícias era outra, e era necessário buscar uma matéria em um impresso, como o jornal e as revistas, e contar com a habilidade da leitura para acompanhar e assimilar aquelas informações tão valiosas, que se tornavam conhecimento e capital cultural.

Hoje, carregamos na palma de nossas mãos os smartphones, que literalmente nos conectam ao resto do mundo em poucos toques. Sim, sempre aconteceu muita coisa no mundo, afinal a vida não para. Mas nunca se teve tanto acesso aos acontecimentos. Em minutos, apenas conferindo o feed de uma rede social, você pode saber do nascimento de uma criança e da morte de um artista, de um grande projeto que pode mudar o mundo até um ataque na Guerra da Ucrânia. E, sim, todo esse turbilhão de informações tem gerado desconfortos em todo o mundo e também aqui, entre os brasileiros.

Nic Newman aponta um cenário controverso no editorial da Reuters Institute Digital News Report 2022: “O interesse por notícias caiu acentuadamente em todos os mercados, de 63% em 2017 para 51% em 2022. Enquanto um grupo emergente de editores de notícias, principalmente de luxo, em todo o relatório mundial, bate recorde de números de assinatura digital e crescimento receitas, descobrimos que o interesse em notícias e em geral o consumo de notícias diminuiu consideravelmente em muitos países, enquanto a confiança caiu em quase todos os lugares – embora permaneça mais alto do que antes do início da crise do coronavírus.”

O anuário considera inclusive um estudo sobre consumo de notícias entre as pessoas com menos de 30 anos, que tendem a buscar mais conteúdos nas mídias sociais, já que cresceram com elas. A proporção de consumidores de informação que dizem evitar notícias “muitas vezes” ou “às vezes”, aumentou acentuadamente em alguns países. Esta espécie de “seleção de notícias” dobrou no Brasil (54%) e no Reino Unido (46%) nos últimos cinco anos, com muitos entrevistados dizendo que as notícias têm um efeito negativo em seu humor.

Uma proporção significativa de jovens e de pessoas menos instruídas dizem que evitam notícias porque pode ser difícil seguir ou entender – sugerindo que a mídia poderia fazer muito mais para simplificar a linguagem e explicar melhor ou contextualizar histórias complexas.

Enquanto uma sucessão de crises, incluindo a pandemia e a invasão da Ucrânia, demonstra a importância da independência do jornalismo profissional e crescimento significativo de algumas marcas de mídia, descobrimos que muitas pessoas estão se tornando cada vez mais desconectadas das notícias – com queda de interesse em muitos países, um aumento na seleção e na fuga das notícias, além da baixa confiança na imprensa, sublinhando ainda mais o desafio crítico que a mídia de notícias enfrenta hoje: conectar-se com as pessoas que têm acesso a uma quantidade sem precedentes de conteúdo on-line e convencê-los de que vale a pena prestar atenção às notícias.

As mídias digitais e as redes sociais oferecem uma gama muito maior de histórias, mas esse ambiente pode, muitas vezes, ser opressor e confuso. Enquanto várias pessoas permanecem extremamente ativas e engajadas com notícias online, a abundância de escolha em um contexto virtual pode estar levando outras a se envolverem menos regularmente do que no passado.

Os influenciadores já respondem por quase 59% do engajamento total nas redes sociais em 2022, mesmo produzindo apenas 9% do conteúdo. Esse dado pode demandar atenção, já que o mercado da influência não é regulamentado. Se, por um lado, consumir estilo de vida e produtos indicados por influenciadores pode ser algo naturalizado, consumir notícias através dessas figuras públicas pode levar a tendenciar a opinião dos usuários e criar problemas, como a disseminação de notícias falsas, recortes enviesados e afins.

Mas, algumas tendências se mantêm: embora as mídias sociais tenham fortalecido o alcance de muitos jornalistas, descobrimos que os jornalistas mais conhecidos são ainda âncoras e apresentadores de TV na maioria dos países. Quando o entrevistado nomeia os jornalistas ao qual presta atenção, poucas pessoas conseguem indicar correspondentes estrangeiros. Além disso, colunistas de jornais são mais reconhecidos pelo seu nome no Reino Unido e na Finlândia do que no Brasil, Estados Unidos ou França.

 

E como o Brasil tem reagido a isso?

Entre os anos de 2017 e 2022, o Brasil foi o país que teve maior aumento no índice de pessoas que evitam as notícias por vontade própria. Em 2017, elas eram 27%, em 2019 foram para 34% e em 2022 alcançaram 57%.

O nosso país é hoje o terceiro maior consumidor de Mídias Sociais no mundo, ficando atrás apenas de Índia e Indonésia. Youtube, Facebook e Instagram são as plataformas mais acessadas, sendo o Instagram e o Youtube aqueles em que o usuário passa mais tempo. O Instagram é a rede que registra o maior share de ações e comentários e também o que apresenta maior volatilidade, variando 37% entre 2021 e 2022.

Segundo a pesquisa da Comscore “Tendências Digitais” de 2023, existem hoje 131.5 milhões de pessoas conectadas no Brasil que utilizam as mídias digitais por cerca de 3h36 por dia. A maior parte do tempo investido é dedicado a Redes Sociais e Serviços. Desses, 84,9 milhões utilizam exclusivamente as plataformas mobile – celulares e tablets -, 10 milhões utilizam somente o desktop, os clássicos computadores e 34,9 milhões são multiplataforma.

Diferente de países como os Estados Unidos e a Alemanha, que são onde mais se consome conteúdo em múltiplas telas, o Brasil segue priorizando o mobile, uma tendência também seguida por países como a Índia, a Indonésia e o Vietnã, o que pode nos dar uma previsão sobre as tendências no que se refere ao consumo de notícias.

A faixa etária dos brasileiros que consomem conteúdos na internet está aumentando: segundo a pesquisa da Comscore, 32,1% deles têm hoje mais de 45 anos, 22,5% têm entre 35 e 44 anos, 23,3% têm entre 25 e 34 anos e apenas 17,2% têm entre 18 e 24 anos. No que se refere às regiões brasileiras, predominam os usuários do Sudeste, com 44,8%, e do Nordeste, com 26,1%, seguidos pelo Sul com 14,8%, Centro Oeste com 8,6% e Norte com 6,1%.

Os serviços mais utilizados são os financeiros (110.935 usuários), como os aplicativos da Caixa, Nubank, Itaú, Picpay e Mercado Pago, seguidos pelos de Estilo de Vida ou Lifestyle (91.685 usuários), sites como Terra Vida e Estilo, Webedia LifeStyle, R7 Lifestyle, UOL Lifestyle e Grupo Contteúdo. Mas, os brasileiros também utilizam muito serviços de Viagens (76.789 usuários), como Uber e 99, além de planejar suas viagens mais longas com a ajuda do Priceline, Trip Advisor e 123 Milhas.

Os games (76.998 usuários) também mostram uso expressivo através de serviços oferecidos por empresas como Activision Blizzard, criadora de games como Call Of Duty, e Garena Online, criadora do jogo Freefire, e da Kiloo Online, que oferece diversos jogos gratuitos, até o uso de aplicativos como o Moto Game Time, utilizado para otimizar jogos em dispositivos da Motorola, e de jogos largamente utilizados como Roblox.

Entretanto, os serviços que mais demonstraram crescimento entre os anos de 2021 e 2022 foram os relativos a Esportes (58.237 usuários), como o Globo Esporte, Playmakers Fans Group, Uol Esporte, R7 Esporte e ESPN, além do mercado de Apostas (44.128 usuários), com aplicativos como Betano, Bet 365, G1 Loteria, Galera.Bet e PixBet.com. Outras categorias do mundo digital que tiveram grande crescimento entre 2021 e 2022 estão Web Hosting e Ingressos.

As visualizações de vídeo caíram 15% em plataformas como Instagram, Facebook e Twitter entre 2021 e 2022. No mesmo período, o Youtube registrou um aumento de 7% nas visualizações e de 15% na produção de vídeos.

Ou seja, nosso público tem consumido muito mais conteúdo nas redes sociais do que notícias no formato tradicional. Isso não é necessariamente ruim, mas demanda mudanças na forma de se comunicar como um todo. Se, no passado, mandávamos releases, pode ser que agora tenhamos que incluir ações integradas com influenciadores ao divulgar uma pauta. E, para isso, é preciso considerar quais redes utilizar, qual linguagem e qual a maneira mais criativa e eficiente de atingir cada público.

A comunicação integrada se impõe como realidade para todos.Quem consegue se adaptar primeiro é aquele que está sempre de olho nas tendências do mercado de comunicação e buscando oportunidades.

 

Quais são as redes em que você deve estar?

Segundo a Comscore, as big techs seguem reforçando o grande poder global: Google, Meta e Microsoft alcançam hoje mais da metade da população mundial digital. Entre as 15 maiores empresas em alcance global estão também Spotify, Bytedance (criadora do Tik Tok), Freestar (especialista em monetização de anúncios online), e Samsung. Também figuram por lá empresas como Amazon, Yahoo, Wikimedia, The Walt Disney Company, Telegram, Times e Apple.

O Facebook continua sendo a rede social mais usada para notícias, mas os usuários são mais propensos a dizer que veem muitas notícias em seus feeds em comparação com outras redes. Enquanto os grupos de mais idade permanecem fiéis à plataforma, as gerações mais jovens focaram muito da sua atenção em mais redes visuais, como o Tik Tok e o Instagram, nos últimos três anos.

O TikTok se tornou a rede que mais cresce, atingindo 40% do público de 18 a 24 anos, com 15% usando a plataforma para ver notícias. O uso é muito maior em partes da América Latina, Ásia e África, do que nos Estados Unidos ou Norte da Europa.

Após a desaceleração do ano passado, em parte causada por restrições em movimento durante a pandemia de COVID-19, houve novo crescimento no consumo de podcasts, com 34% consumindo um ou mais podcasts no último mês. Nossos dados mostram que o Spotify continua a ganhar terreno sobre os podcasts da Apple e do Google em vários países e o YouTube também se beneficia da popularidade dos podcasts híbridos e liderados por vídeo.

Então, não há uma resposta única sobre presença digital, tudo varia de acordo com os objetivos de comunicação da sua marca, produto ou serviço. Mas, é importante ter em vista todas essas linguagens e plataformas, bem como seu uso para construir uma estratégia de comunicação assertiva e viável.

A Atômica Lab já nasceu com a integração na veia. Vivemos num ecossistema descentralizado, fragmentado, pulverizado. Precisamos de estratégias ágeis capazes de criar novos diálogos. Temos o blend de ferramentas de comunicação, influência e conteúdo adequado à sua marca e ao seu produto. Quer saber como se destacar nesse meio? Entre em contato com a gente!


« Voltar